domingo, 2 de outubro de 2011

Respeito

Muitas vezes, no dia a dia, vamos nos deparando com manifestações preconceituosas e críticas em relação a nós mesmos ou a fatos e idéias com as quais nos identificamos, ou a pessoas de quem gostamos. Não é muito fácil conviver com idéias opostas, ou gostos contrários, mas com educação e cordialidade é até possível que os opostos convivam. Porém nessa época em que todos tem espaço e voz através dos meios digitais, quem antes ficava oculto no anonimato das limitações de comunicação, hoje entra em nossa vida com tudo, sem bater na porta, sem ao menos pedir licença, sem um mínimo de respeito às nossas posições.

Em outra ocasião, encontrei neste link um belo ponto de vista de Leonardo Boff sobre respeito:

O respeito implica reconhecer que cada ser vale por si mesmo, porque simplesmente existe e, ao existir, expressa algo do Ser e daquela Fonte originária de energia e de virtualidades da qual todos provém e para a qual todos retornam . Numa perspectiva religiosa, cada ser expressa o próprio Criador.

Ao captarmos os seres como valor intrínseco, surge em nós o sentimento de cuidado e de responsabilidade para com eles a fim de que possam continuar a ser a a coevoluir.

As culturas originárias atestam a veneração face à majestade do universo, o respeito pela natureza e para cada um de seus representantes.

Vejo que é desse respeito profundo e verdadeiro que a sociedade carece, muitas vezes sem saber do que especificamente está precisando. Ando por aí e vejo indivíduos secos, sem graça, sem vida. Olhando uns aos outros como meros indivíduos, como agentes comerciais, como clientes, e não mais como humanos. Isso quando não se olham com preconceito, sectarismo, etc. É da natureza humana o individualismo e a insensibilidade quanto à situação alheia, certo? Não sei… Pode ser da natureza humana, mas convenhamos que nem tudo que nos é natural, nos será digno.

Quero acreditar que o verdadeiro e grandioso espírito humano é aquele que se importa, sim, com a situação alheia. Ele sabe que o grande mal da humanidade é a IGNORÂNCIA, a desatenção, e a partir deste dicernimento, passa a olhar os outros como irmãos menores. Ou mais, quanto mais consciência temos de nossa humanidade, mais olhamos os outros como o pai que cuida zelosamente de seus filhos, sabendo de suas “inconsciências”, com a paciência digna e valorosa de um verdadeiro zelador.

O teólogo americano James Clarke disse:

Um político pensa na próxima eleição. Um estadista, na próxima geração.

Essa citação traduz bem o que estou querendo dizer. O verdadeiro ser humano, aquele que tem humanidade no coração, respeita os outros e pensa neles como pessoas, isto é, e em como ajudá-las a viver melhor, com atenção, carinho e zelo. Já uma maioria que encontramos a cada passo, pensa em qual será sua próxima vantagem.

Ronaud Pereira


FONTE: http://www.ronaud.com/bom-senso/sobre-o-respeito/

Evangelho do Dia - MT 21, 33 - 43

Esta parábola, desenvolvida no estilo narrativo, como algumas outras semelhantes de Mateus, parte de uma imagem que implica em uma relação de poder comum nas sociedades. Aqui temos o conflito entre o proprietário e os arrendatários. Desta relação de poder emergem detalhes de violência envolvendo ambas as partes. A sua interpretação deve ser cuidadosa, evitando-se uma imagem final de um deus violento e vingativo, a qual é muito característica do Primeiro Testamento. O Deus de Jesus é o Deus acolhedor que transforma os corações pelo amor.
Conforme a narrativa de Mateus, no dia seguinte ao da denúncia do Templo de Jerusalém como tendo se tornado um covil de ladrões, Jesus volta aí, enfrentando a hostilidade dos chefes dos sacerdotes e anciãos do povo que questionavam sua autoridade. Lhes apresenta, então, a parábola dos dois filhos, um faz a vontade do pai e outro não, seguida desta parábola envolvendo a vinha arrendada, que é uma denúncia do governo teocrático do Templo de Jerusalém, que, em nome de Deus discriminava e oprimia o povo, em vez de promover-lhe a vida, e planejava a morte do próprio Jesus. A vinha, na tradição profética de Israel, representa o povo. Na primeira leitura o profeta Isaías fala da vinha, que é a casa de Israel. Quem cuida da vinha é o próprio Deus. A vinha, embora bem cuidada, não deu frutos. Esperava-se que frutificasse o direito e a justiça, mas só se viu a tirania e o clamor do oprimido. Nesta parábola de Mateus, Deus é o proprietário da vinha, que representa o povo, a qual é entregue aos cuidados de agricultores arrendatários, como uma alusão aos dirigentes religiosos de Jerusalém. A estes cabia conduzir o povo de Deus fazendo frutificar a justiça e o direito. Mas tal não aconteceu. Quando o Filho de Deus vem para colher estes frutos, não só não os encontra como será morto por estes dirigentes. A sentença final significa uma reviravolta: o Reino de Deus será tirado destes dirigentes e entregue a um povo que produza frutos. Jesus lançou as sementes de uma nova vinha. É um povo entre o qual vigora "tudo que é verdadeiro, digno de respeito ou justo, puro, amável ou honroso, com tudo o que é virtude ou louvável" (segunda leitura). O amor e a justiça unem a todos na paz e seus frutos permanecem para sempre.