quinta-feira, 18 de março de 2010

“Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro” Mt 6,24c - Campanha da Fraternidade 2010

Hoje apreenderemos um pouco mais sobre a CF 2010 com o nosso Bispo Diocesano Dom Moacir Silva.


Campanha da Fraternidade 2010

Promover uma economia a serviço da vida é objetivo da Campanha da Fraternidade que começou hoje.

Tema: Economia e Vida

Lema: “Vocês não podem servir a Deus e ao dinheiro.” (Mt 6,24)



Com o tema “Economia e Vida”, a Campanha da Fraternidade de 2010 busca debater uma outra economia, que promova desenvolvimento amplo sem exclusão social. Este tema ressalta a questão da economia, que na sociedade é vista como prioridade máxima em detrimento do ser humano que é esmagado em seu ser.

Realizada pela CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) desde 1964, a campanha deste ano reunirá, além da Igreja Católica, a Igreja Evangélica de Confissão Luterana no Brasil, a Igreja Episcopal Anglicana do Brasil, a Igreja Presbiteriana Unida do Brasil e a Igreja Sírian Ortodoxa de Antioquia. Elas integram o CONIC (Conselho Nacional das Igrejas Cristãs do Brasil), o organizador do evento em 2010.

Será a terceira vez que a campanha terá caráter ecumênico, repetindo 2000 e 2005.

O CONIC convida para a Celebração de Abertura da Campanha da Fraternidade Ecumênica 2010 a nível nacional que será no Santuário Dom Bosco, SEPS 702, Bloco B, na Av. W3 Sul, na cidade de Brasília, às 19:30, do dia 17 de fevereiro, quarta-feira de Cinzas. Nesta celebração estará presente o Presidente do CONIC, Diretoria, Secretário Geral, Presidência das Igrejas, e outras autoridades. O lançamento da CF 2010 foi realizado no último mês de setembro e, embora a abertura oficial seja no dia 17 de fevereiro de 2010, as atividades já começaram.

A CF2010 levará para cerca de 50 mil comunidades cristãs discussões sobre economia. O texto-base do evento, que começa na quarta-feira de cinzas (17/02/10), critica a crescente dívida interna do país, as altas taxas de juros, a elevada carga tributária, o sistema financeiro internacional e até mesmo o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), vitrine de Lula.

Com textos e gráficos, o material do evento propõe a conscientização sobre alguns temas econômicos que são pouco conhecidos por grande parte da população. Em relação à dívida interna, por exemplo, o manual da campanha diz: "Apesar de os gastos com juros e amortizações da dívida pública consumir mais de 30% dos recursos orçamentários do país, essas dívidas não param de crescer. A dívida interna alcançou a gigantesca cifra de R$1,6 trilhão em dezembro de 2008, tendo apresentado crescimento acelerado nos últimos anos".

Segundo o texto, a dívida inviabiliza a aplicação de recursos na área social. Uma das tabelas do material mostra a elevação da dívida nos governos de FHC (1995-2002) e de Lula. O documento cita o PAC ao atacar a má distribuição de renda: "O crescimento do PIB, expresso em médias nacionais, não é sinônimo de boa distribuição dos recursos entre os diversos grupos sociais. Os pobres continuam lesados nos seus direitos. O PAC é o exemplo mais recente no Brasil".

O secretário-geral do Conic e reverendo da Igreja Anglicana, Luiz Alberto Barbosa, diz que a meta do evento é fazer com que as comunidades reflitam sobre o que está dando certo e errado na economia do país, e possam cobrar mudanças dos políticos nas eleições."Escutamos o discurso oficial de que o país caminha para ser a quinta economia do mundo. Mas é preciso perguntar: "Se o cenário é tão bom, onde estão os recursos?”Ainda temos quase 40 milhões de pessoas abaixo da linha de pobreza e não há trabalho e saúde para todos."

O frade dominicano Carlos Josaphat, um dos principais intelectuais da Igreja Católica, diz que um dos objetivos do evento é fazer com que os cristãos deixem de ser omissos em relação a práticas econômicas socialmente injustas.A campanha defende ainda a realização de um plebiscito sobre a limitação do tamanho das propriedades rurais do país.

O Reverendo Luiz Alberto Barbosa, do CONIC, disse que "o intuito é mostrar para a sociedade que as igrejas, mesmo com denominações diferentes, estão unidas no mesmo ideal de fraternidade e solidariedade". A proposta é trabalhar no conceito de inclusão social em favor de uma economia que gere a vida e não a morte comentou o religioso.

O lançamento da CF 2010 foi realizado no último mês de setembro e, embora a abertura oficial seja no dia 17 de fevereiro de 2010, as atividades já começaram. O reverendo informa que, pelas igrejas em todo o Brasil, já estão sendo realizadas oficinas de capacitação sobre o tema da campanha. "Na campanha propriamente dita haverá celebrações internas nas igrejas", esclarece.

A campanha terá atividades até o dia 28 de março, Domingo de Ramos, dia em que, segundo o reverendo, será feita a Coleta Ecumênica da Solidariedade nas igrejas. O dinheiro arrecadado será revertido ao Fundo Ecumênico de Solidariedade que deve destinar recursos a projetos sociais que podem receber valores entre R$ 10 mil e R$ 50 mil reais.

O reverendo comenta que, durante o período da Quaresma, é importante praticar a solidariedade e refletir sobre o tipo de economia que desejamos para a nossa vida. Ele também enfatiza a importância de que todas as pessoas, independente de seu credo religioso, reflitam sobre a questão da economia, já que ela faz parte da vida mesmo antes do nascimento. "A Economia está presente desde a gestação até a morte", resumiu

De acordo com o texto base da campanha, a economia existe para a pessoa e para o bem comum, e não as pessoas para a economia. O Reverendo Luiz Alberto comentou que a proposta da Campanha da Fraternidade é transformar o coração e a vida das pessoas de boa vontade em relação ao dinheiro. "O dinheiro não é o mais importante".

"O dinheiro deve ser usado para servir ao bem comum das pessoas, na partilha e na solidariedade", expressa o texto base da CF. A vida econômica deveria ser orientada por princípios éticos e não apenas pelo consumo desvairado e lucro a qualquer preço.

Ele disse ainda que 2010 será um ano importante para o Brasil, já que é um ano eleitoral, com eleições para vários cargos nos legislativos estaduais e federal. "A questão econômica é o ponto central de uma campanha eleitoral. Cabe a nós percebermos o que é bom ou ruim, de acordo com as propostas, para escolhermos qual tipo de economia queremos"

"O apelo é que todos se conscientizem e pensem antes de votar, porque ao votarmos, estamos também escolhendo um modelo econômico, entre outras coisas", finalizou o Reverendo.

Nenhum comentário:

Postar um comentário